prólogo

São duas as perguntas que, cedo ou tarde, todos que entram em contato com estes diários acabam me fazendo.

A primeira delas é bastante óbvia:

“Você veio do futuro?”

Bom… a resposta depende de interpretação, já que eu não sou de fato do futuro, eu apenas o visitei. Difícil de acreditar? É compreensível. No entanto — e peço desculpas se estiver abusando — gostaria de pedir que se dê o benefício da dúvida.

Vale dizer que antes de tudo eu me considerava apenas mais um profissional da tecnologia da informação. Frustrado, tanto com a carreira quanto com o mundo, eu dedicava meu pouco tempo livre a uma falida busca existencial; procurava incansavelmente, onde quer que fosse, nada mais nada menos que o sentido da vida.

Isso até o “dia zero”; o marco da minha primeira viagem no espaço-tempo, e a partir do qual as coisas nunca mais foram as mesmas. A experiência foi tão marcante que em certo momento perguntei se poderia manter um diário. O pedido foi acolhido com muito entusiasmo, mas autorizado sob uma única condição: a de que eu o compartilhasse abertamente ao voltar.

Foi como Niliph me disse, na véspera do seu aniversário de 237 anos: “Ontem caiu o crédito de um depósito que só será investido agora”. As palavras não fizeram qualquer sentido quando as ouvi. Como tantas outras registradas na duração da minha jornada, seus significados teimam em se esconder muito além da primeira impressão.

E embora eu tivesse firmado um compromisso, confesso que no final não desejava mais voltar. Não queria abrir mão do ar puro, dos abraços gentis e do inexplicável sentimento que se cria quando todos os indivíduos de um mesmo coletivo desejam melhorar a si mesmos.

Alguns diriam que eu visitei uma utopia, só que não consigo ver desse jeito. Uma utopia, por definição, só pode sê-lo enquanto estiver no futuro; caso ela se realize no tempo presente, não poderá mais ser chamada de utopia. Não, aquele lugar era algo diferente...

Na verdade, “aquele lugar” é o que eu passei a chamar de Tokenverso: o espaço-tempo de uma misteriosa civilização humana, muito mais sábia e harmônica. No lugar de governos, bancos, e megacorporações, existem apenas pessoas — ou melhor, pessoas e tokens!

Talvez você não saiba o que são tokens, mas não se preocupe, pois até agora ninguém que você conheça realmente sabe. Por enquanto, posso lhe dizer que tokenizar é uma forma de aprender a dar valor. Pode não ser intencional, mas onde quer que exista um número, o valor que ele indica pode ser questionado. E no fim, a busca pelo valor real das coisas é um passo essencial para desvendar o próprio mistério que nos faz humanos.

10 tokens SELF por 0,5 tokens GAYA, durante os Passos de Awen. Foi a primeira transação que me mostrou como tudo pode ser diferente, e como ainda sabemos muito pouco sobre o que fazer com o tempo que nos é dado.

Ainda mais difícil de acreditar? Continua sendo compreensível... mesmo assim, é possível que você tenha se sentido misteriosamente atraído para este futuro, e se esse for o caso, então saiba que meus diários são para você. Espero sinceramente que a sua leitura traga uma nova perspectiva sobre o que somos; uma forjada pelo vislumbre e pelas reflexões do que ainda viremos a ser.

Ah, claro… quase me esqueço da última questão:

“O Tokenverso é realmente o futuro que nos aguarda? Será possível?”

Eu mesmo fiz esta pergunta ao final da minha primeira viagem, e desde então carrego a resposta que recebi como um grande lema de vida:

"não são todos os futuros possíveis?"

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